- Banco Central encerra o Drex após quatro anos de testes
- Falhas de privacidade e segurança motivaram o fim do projeto
- Nova moeda digital brasileira ainda não tem tecnologia definida
Depois de quatro anos de testes, o Banco Central do Brasil decidiu encerrar oficialmente o Drex, a versão digital do real, encerrando uma das iniciativas mais ambiciosas da instituição. O desligamento está marcado para a próxima segunda-feira (10), e o BC já está preparando uma nova infraestrutura tecnológica, ainda sem definição sobre o uso de blockchain.
A confirmação veio via BlockNews, de Claudia Mancini, e pegou o mercado financeiro de surpresa, já que muitos esperavam uma ampliação dos testes. O Drex, que rodava com Hyperledger Besu, não conseguiu atender a requisitos básicos de privacidade e segurança, o que levou o BC a revisar toda a arquitetura do projeto.
BC desliga plataforma e inicia nova etapa
Em uma reunião com os consórcios que participaram dos pilotos, o Banco Central informou que o sistema será desativado e que uma nova estrutura começará a ser desenvolvida do zero. O encontro foi conduzido pela equipe de tecnologia da autarquia, com Clarissa Souza presente, mas sem participação da área de negócios.
O mercado já esperava a decisão desde os anúncios no FebrabanTECH e no Blockchain Rio, mas o encontro trouxe mais clareza sobre os motivos técnicos.
“O BC apresentou de forma inequívoca todos os entendimentos do grupo técnico e justificou os critérios usados para definir o encerramento”, disse uma fonte próxima à reunião.
O Banco Central lançou o Drex em 2021, prometendo revolucionar o sistema financeiro brasileiro com uma CBDC segura, rápida e interoperável. O plano previa integração com o Pix, Open Finance e o mercado de tokenização, mas o projeto enfrentou limitações técnicas e resistência de parte do setor bancário.
Do entusiasmo à frustração
Nos primeiros anos, o Drex mobilizou bancos, fintechs e empresas de tecnologia, atraindo investimentos e expectativas de uma nova era financeira digital. O Lift Challenge, primeira fase do projeto, estimulou dezenas de iniciativas de tokenização e liquidação instantânea.
Mas, ao longo dos testes, apareceram falhas graves de interoperabilidade e privacidade, o que minou a confiança da equipe técnica e dos parceiros. Em agosto, o Banco Central indicou que deixaria o blockchain na fase três, por considerar a tecnologia imatura para adoção nacional ampla.
Agora, a autarquia pretende recomeçar do zero e inverter a lógica, primeiro definirá os casos de uso e depois escolherá a tecnologia. O novo modelo digital deverá se apoiar nas lições do Drex, mas sem repetir os mesmos erros.
Com o fim do Drex, o Banco Central reconhece que a digitalização da moeda brasileira precisa de um caminho novo, mais seguro e eficiente. A era do Drex chega ao fim, mas o debate sobre o futuro do real digital está apenas começando.

