As ameaças tarifárias do ex-presidente Donald Trump estão provocando um aumento nas taxas de juros globais de longo prazo, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A organização emitiu um aviso contundente sobre as possíveis consequências de uma nova era de tensões comerciais, enquanto investidores e mercados enfrentam a incerteza.
Durante uma coletiva de imprensa recente, Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, classificou o cenário atual como “muito incomum”. Ela explicou que as taxas de curto prazo estão em queda, enquanto os custos de empréstimos de longo prazo disparam em todo o mundo.
Isso é atribuido às políticas comerciais agressivas prometidas por Trump, que incluem tarifas sobre importações de países como China, México e Canadá.
O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, alertou que as interrupções nas cadeias de suprimentos e o aumento das tensões comerciais poderiam reduzir a produção global em 0,5%. Ele afirmou que essas políticas não apenas prejudicam os EUA, mas também causam danos à economia mundial. “Essa instabilidade poderia arrastar todos para baixo”, enfatizou.
Trump
Outro efeito colateral das políticas de Trump é o fortalecimento do dólar americano, que torna mais difícil e caro para os mercados emergentes contrair empréstimos. Georgieva destacou que economias de médio porte e países de baixa renda são os mais vulneráveis. “A força do dólar pode gerar custos de financiamento mais altos para esses países”, explicou.
Na Europa, os líderes já estão se preparando para enfrentar as consequências de uma possível guerra comercial. Stephane Sejourne, representante da indústria europeia, afirmou que o bloco tem medidas defensivas e ofensivas prontas para proteger suas indústrias. “Essa é uma nova era de proteção”, declarou ele.
Em 2018, a União Europeia respondeu às tarifas de Trump sobre o aço e alumínio com impostos sobre produtos americanos, como motocicletas e jeans. Desta vez, o bloco reforçou suas estratégias e está preparado para agir novamente.
O FMI já havia projetado que a economia global cresceria 3,2% em 2025. No entanto, com os recentes desdobramentos, não há esperanças de uma revisão significativa nessa estimativa. Georgieva afirmou que o crescimento global permanece frágil, com a Ásia e os mercados emergentes sentindo os maiores impactos.