- Nomeação pró Bitcoin impulsiona alta no mercado cripto
- Investidores temem perda de independência do Fed
- Comparação com anos 70 aquece debate sobre inflação
O Bitcoin ultrapassou os US$ 116.500 na quinta-feira após uma decisão política inesperada nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump nomeou Stephen Miran, conhecido defensor das criptomoedas, para ocupar uma vaga no Conselho do Federal Reserve, e a reação foi imediata, o mercado enxergou a medida como um sinal claro de possível flexibilização monetária.
Trump anunciou a indicação em sua rede social, o Truth Social, e elogiou o histórico de Miran, que atuou no Departamento do Tesouro em seu primeiro mandato. Segundo o presidente, a experiência econômica de Miran é “incomparável“. Além disso, o economista já escreveu publicamente a favor do Bitcoin em diversas ocasiões.
Nomeação por Trump levanta expectativa de política mais branda
A nomeação ocorre em um momento sensível. Com a inflação ainda acima da meta de 2%, o Federal Reserve enfrenta pressões para ajustar sua política monetária. Miran, que ocupa atualmente o cargo de presidente do Conselho de Consultores Econômicos, poderá influenciar diretamente essas decisões.
Para analistas como Greg Magadini, diretor de derivativos da Amberdata, o movimento indica que Trump pretende colocar aliados que defendem juros mais baixos, mesmo com a inflação ainda elevada.
“O mercado está lendo isso como um sinal de afrouxamento futuro”, afirmou Magadini. “Trump quer um Fed mais moderado, e Miran encaixa nesse perfil.”
Essa expectativa aqueceu os ativos considerados proteção contra inflação. O ouro subiu, e o Bitcoin, frequentemente chamado de “ouro digital” acompanhou a tendência. Porém, a leitura recente do índice de preços PCE ficou em 2,6%, acima da meta do Fed, o que aumenta a preocupação dos investidores, apesar do otimismo gerado pela nomeação feita por Trump.
Comparações com os anos 1970 voltam ao debate
Apesar do otimismo no curto prazo, Magadini alerta para riscos sérios caso a independência do Fed seja comprometida. Ele comparou o momento atual ao fim do sistema de Bretton Woods, na década de 1970, que levou a uma disparada do ouro. Naquela época, o metal saltou de US$ 35 para US$ 700 por onça em apenas dez anos, após o fim da conversão do dólar em ouro.
Porém, o mercado já está sentindo os efeitos, os leilões do Tesouro estão fracos, o ouro segue em alta, e os investidores estão em alerta, disse Magadini. Para ele, a percepção inflacionária está se espalhando, o que pode beneficiar o Bitcoin e outros criptoativos.
Apesar disso, o especialista destacou que o setor ainda é pequeno. “A NVIDIA sozinha vale mais do que todo o mercado cripto combinado. Se a inflação disparar, há espaço para crescimento exponencial“, concluiu.