- Jovem de 22 anos admite lavar mais de R$ 16 milhões em cripto para rede internacional de engenharia social.
- Organização criminosa roubou centenas de milhões e sustentou vida de luxo com jatos, imóveis caros e carros milionários.
- Caso envolve um dos maiores roubos de BTC por engenharia social já registrados, com prejuízo superior a US$ 368 milhões.
Um jovem de 22 anos está no centro de um dos casos mais graves de lavagem de dinheiro envolvendo criptomoedas já registrados nos Estados Unidos. O Gabinete do Procurador do Distrito de Columbia revelou novos detalhes sobre uma rede criminosa que usou engenharia social para roubar centenas de milhões de dólares e financiar um estilo de vida marcado por luxo extremo, carros exóticos e imóveis milionários.
O investigado, Evan Tangeman, admitiu ter lavado mais de US$ 3,5 milhões, valor equivalente a cerca de R$ 16 milhões. Esses fundos foram obtidos por meio de golpes sofisticados contra vítimas em vários estados norte-americanos. Ele se torna o nono membro da organização a assumir culpa. A Justiça marcou sua sentença para 24 de abril de 2026, sob supervisão da juíza Colleen Kollar-Kotelly.
A rede, formada por jovens de vários estados dos EUA e também do exterior, surgiu a partir de laços criados em plataformas de videogame. No entanto, rapidamente evoluiu para uma operação criminosa internacional, ativa entre 2023 e 2025. Assim, cada integrante recebeu uma função específica: hackers, golpistas por telefone, recrutadores e até invasores de residências. Estes últimos eram encarregados de roubar carteiras físicas de criptomoedas.
De acordo com os promotores, Tangeman tinha um papel decisivo. Ele era o responsável por converter criptomoedas roubadas em dinheiro, mascarar a origem dos fundos e administrar parte do patrimônio ilícito.
Lavagem com Cripto
Para ocultar o rastro das transações, o grupo alugava imóveis de luxo em regiões como Los Angeles, Miami e Hamptons, por valores que variavam entre US$ 40.000 e US$ 80.000. Essas propriedades serviam como bases temporárias para movimentar valores, planejar golpes e armazenar itens comprados com o dinheiro roubado.
A investigação também revelou a dimensão da vida de ostentação sustentada pelo esquema. Os criminosos gastaram fortunas em festas, jatos particulares, guarda-costas, relógios de até US$ 500 mil, além de roupas e bolsas de grife. O grupo ainda acumulou mais de 28 carros exóticos, alguns avaliados em US$ 4 milhões.
Um dos episódios mais graves ocorreu em agosto de 2024. Na ocasião, membros do grupo enganaram uma vítima em Washington D.C. e se apropriaram de 4.100 bitcoins. O valor equivalia a US$ 263 milhões na época e hoje ultrapassa US$ 368 milhões. Isso torna o caso um dos maiores roubos de criptomoedas por engenharia social já registrados nos EUA.
Mesmo após a prisão de um dos líderes, Malone Lam, em 2024, Tangeman continuou atuando. Assim, ele acessou câmeras de segurança de uma das casas usadas pela organização e conseguiu imagens do FBI durante uma operação. Dessa forma, repassando as informações a cúmplices.
Além disso, depois ele incentivou outro integrante a invadir uma residência em Los Angeles para destruir equipamentos eletrônicos e eliminar provas.
Desse modo, o caso se soma a uma série de operações recentes que reforçam a pressão internacional contra crimes envolvendo ativos digitais. Em outubro, autoridades dos Estados Unidos e do Reino Unido confiscaram 127.271 BTC, equivalentes a cerca de US$ 15 bilhões. Esta foi a maior apreensão da história do Departamento de Justiça.


