- Senado trava regulamentação e acirra disputa partidária sobre criptomoedas
- Democratas exigem protagonismo na criação das regras do setor
- Impasse ameaça atrasar supervisão e gerar incertezas no mercado
A batalha pela regulamentação de criptomoedas nos Estados Unidos ganhou força no Senado. A discussão ocorre em clima de confronto aberto entre democratas e republicanos.
Enquanto os republicanos defendem um texto já aprovado na Câmara, os democratas exigem participar da elaboração de uma versão nova e mais equilibrada.
No centro do embate está a chamada Lei da Clareza, projeto liderado pelos republicanos. A proposta cria um modelo abrangente de supervisão para os mercados de criptoativos.
Já os democratas rejeitam a ideia de apenas revisar um rascunho pronto. Eles insistem em começar do zero, com uma construção bipartidária.
Democratas defendem maior protagonismo
O grupo de doze senadores democratas inclui nomes como Kirsten Gillibrand, Cory Booker, Ruben Gallego e Mark Warner. Todos pedem espaço real na formulação das regras.
Eles lembram que já apresentaram uma plataforma própria de sete pontos, voltada para maior clareza regulatória e equilíbrio entre inovação e proteção ao investidor.
Os democratas também pressionam para que o Comitê de Agricultura assuma papel central no processo, já que supervisiona a CFTC, agência ligada aos derivativos.
Republicanos, no entanto, relutam em ceder. O Comitê Bancário do Senado abriu a possibilidade de estender o debate até outubro, mas sem prometer coautoria.
Disputa entre SEC e CFTC intensifica debate
O texto republicano prevê que a SEC e a CFTC criem um órgão conjunto para harmonizar a regulamentação. A medida busca encerrar anos de disputa entre as duas entidades.
Democratas, porém, querem outro caminho. Eles defendem que a CFTC lidere a regulação dos tokens que não são valores mobiliários. A SEC ficaria com autoridade reforçada em casos que envolvem ativos enquadrados como securities.
Outra proposta democrata mira questões éticas. O plano inclui restrições a legisladores e familiares para que não possam lançar seus próprios tokens durante o mandato.
Essa cláusula mira diretamente em Donald Trump, que acumulou ganhos expressivos em criptoativos durante sua gestão na Casa Branca.
O futuro da lei depende da habilidade dos partidos em encontrar consenso. Se não houver acordo, o Senado pode paralisar a regulação das criptomoedas por meses, atrasando definições cruciais para o mercado.
Especialistas avaliam que um impasse prolongado abriria espaço para incertezas, afastando investidores e dificultando a liderança dos Estados Unidos no setor de ativos digitais.