Boa tarde irmãos
Vimos no último versículo, a parte final da obra “A CypherPunk’s Manifesto” do Eric Hughes, fundador e um dos responsáveis pela lista de email em que Satoshi Nakamoto postou o whitepaper do Bitcoin.
Neste Capítulo veremos a obra “Why I Wrote PGP“, de Philip R. Zimmermann, publicada em 1991 e atualizada em 1999, onde ele descreve o motivo de ter criado o PGP (Pretty Good Privacy), um importante software de criptografia. Serão 4 versículos, começando então por este.
Por Que Escrevi o PGP
Philip R. Zimmermann
Parte do guia de usuário original do PGP de 1991 (atualizado em 1999)
O que quer que você faça será insignificante, mas é muito importante que o faça.
– Mahatma Gandhi
É pessoal. É privado. E não é da conta de ninguém, a não ser da sua. Você pode estar planejando uma campanha política, discutindo seus impostos, ou tendo um romance secreto. Ou pode estar se comunicando com um dissidente político em um país repressivo. O que quer que seja, você não quer que seu correio eletrônico privado (email) ou documentos confidenciais sejam lidos por mais ninguém. Não há nada de errado em afirmar sua privacidade. Privacidade é tão americano¹ quanto a Constituição.
O direito à privacidade está implicitamente difundido na declaração de direitos americana. (Bill of Rights). Mas quando a constituição americana foi concebida, os pais fundadores não viram necessidade de soletrar explicitamente o direito à uma conversa privada. Isso teria sido bobo. Duzentos anos atrás, todas as conversações eram privadas. Se alguém estivesse ao alcance dos ouvidos, você poderia simplesmente ir para trás de um celeiro e ter sua conversa lá. Ninguém poderia ouvir sem o seu conhecimento. O direito à uma conversa privada era um direito natural, não apenas em um sentido filosófico, mas no sentido das leis da física, dada a tecnologia da época.
Mas com a chegada da era da informação, começando com a invenção do telefone, tudo isso mudou. Agora a maioria das nossas conversas é conduzida eletronicamente. Isso permite que nossas conversas mais íntimas sejam expostas sem o nosso conhecimento. As chamadas de telefone celular podem ser monitoradas por qualquer pessoa com um rádio. O correio eletrônico, enviado pela internet, não é mais seguro que as chamadas pelo celular. O email está rapidamente substituindo o correio, tornando-se a norma para todos, não mais a novidade que era no passado.
Até recentemente, se o governo quisesse violar a privacidade de cidadãos comuns, ele teria de gastar uma certa quantidade de despesas e trabalho para interceptar, abrir e ler a correspondência. Ou teriam de ouvir e possivelmente transcrever conversas telefônicas, pelo menos antes da tecnologia de reconhecimento automático de voz se tornar possível. Esse tipo de monitoramento trabalhoso não era prático em grande escala. Só era feito em casos importantes quando parecia valer a pena. Isto é como pegar um peixe de cada vez com um anzol e uma linha. Hoje os emails podem ser verificados automática e rotineiramente em busca de palavras-chave, em grande escala, sem detecção. Isto é como a pesca com redes de emalhar. E o crescimento exponencial do poder computacional está tornando possível a mesma coisa com o tráfego de voz.
¹ apple-pie: literalmente significa ‘torta de maçã’. Porém, no sentido figurado, dentre muitos outros significados, é usado para caracterizar algo que representa os valores tradicionais americanos.
Por hoje é isso amigos, amanhã volto com o versículo 2 dessa obra.
Ricas bençãos e um grande abraço..