- Itália vê stablecoins como risco maior que tarifas
- Ministro pede urgência no projeto do euro digital
- BCE alerta para perda da independência monetária
O governo da Itália lançou um forte alerta sobre os riscos crescentes das stablecoins norte-americanas para a estabilidade econômica da Europa. Assim, o ministro das Finanças, Giancarlo Giorgetti, afirmou que os ativos digitais atrelados ao dólar representam uma ameaça maior para o euro do que as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Durante um discurso em Milão, Giorgetti destacou que a popularização das stablecoins em dólar permite que europeus realizem pagamentos internacionais em moeda americana, sem depender de contas bancárias nos EUA. Dessa forma, essa prática, segundo ele, pode reduzir o papel do euro no comércio global e enfraquecer a autonomia monetária da União Europeia.
Diante desse cenário, Giorgetti pediu que os líderes da União Europeia acelerem o projeto do euro digital como uma forma de conter a dependência crescente de instrumentos financeiros estrangeiros. Assim, para o ministro, essa é uma estratégia essencial para preservar o peso econômico da moeda europeia.

Stablecoins em dólar
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos avançam em sua própria regulação. No início de abril, o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara aprovou o STABLE Act, com foco em transparência e responsabilidade para emissores de stablecoins. Outro projeto, o GENIUS Act, propõe regras mais rígidas de reservas, combate à lavagem de dinheiro e proteção ao consumidor.
O alerta da Itália ganhou apoio dentro do bloco. O membro do Banco Central Europeu, Piero Cipollone, também defendeu a implementação do euro digital como um passo fundamental. Para ele, o avanço das stablecoins baseadas no dólar ameaça a independência monetária da zona do euro. Especialmente num momento em que a digitalização do sistema financeiro acelera em todo o mundo.
Com o dólar ganhando mais presença em transações digitais, cresce a preocupação entre os países europeus de que o euro perca espaço nas novas formas de pagamento global. Além disso, a Itália, ao levantar esse debate, coloca o euro digital como prioridade estratégica para o bloco.
Agora, as decisões futuras da União Europeia em relação ao euro digital devem definir se o continente conseguirá preservar sua soberania econômica em meio ao avanço dos criptoativos internacionais.