A stablecoin deUSD, criada pela Elixir, entrou oficialmente em colapso após a Stream Finance revelar uma perda de US$ 93 milhões em operações alavancadas. O caso se tornou o maior colapso de uma stablecoin em 2025, provocando forte impacto no mercado de finanças descentralizadas (DeFi).
Na quinta-feira, a Elixir anunciou o encerramento definitivo da stablecoin deUSD em uma publicação no X (antigo Twitter). A equipe informou que 80% dos resgates foram processados antes da quebra do peg, o mecanismo que mantém a paridade de 1:1 com o dólar.
O restante, porém, ficou retido após a suspensão de saques pela Stream Finance, que enfrentou dívidas de até US$ 285 milhões com diversos credores. Segundo a Elixir, o valor pendente com a Stream é de US$ 68 milhões, o suficiente para desequilibrar totalmente as reservas que sustentavam o deUSD.
Em poucas horas, o preço da stablecoin despencou para US$ 0,015, de acordo com dados do CoinGecko. A liquidez evaporou rapidamente, e a concentração de tokens nas mãos de poucos investidores agravou o colapso.
A origem da crise na stablecoin
A Stream Finance usou o deUSD como colateral para apostas alavancadas na própria plataforma da Elixir. Com a queda acentuada dos preços de ativos digitais, ocorreram liquidações em massa, o que drenou as reservas e quebrou o lastro da stablecoin.
O deUSD funcionava como um dólar sintético supercolateralizado, sem reservas centralizadas. Usuários depositavam ativos para emitir o token, enquanto a Elixir administrava o protocolo de forma autônoma. Quando o colateral perdeu valor, o sistema não conseguiu manter a paridade e entrou em colapso.
A situação se agravou quando a Stream Finance, principal devedora do protocolo, optou por não quitar suas posições abertas. A Elixir confirmou que o encerramento do projeto foi uma resposta direta ao calote e à incapacidade de recuperar os valores devidos.
Efeitos imediatos e resposta da Elixir
Com o encerramento do suporte, o Total Value Locked (TVL) da Elixir caiu mais de US$ 200 milhões em menos de 24 horas. O impacto se espalhou por outros protocolos de DeFi, especialmente em pools de liquidez ligados à Stream.
A Elixir afirmou estar trabalhando com plataformas como Euler, Morpho e Compound para coordenar a liquidação das posições e proteger os credores restantes. Em comunicado, a equipe escreveu que “ainda acredita que as obrigações serão honradas 1:1”, embora tenha reconhecido que não há prazo definido para a recuperação.
Além disso, a Elixir desativou os saques e a emissão de novos tokens, alegando que a medida evita vendas forçadas de deUSD por parte da Stream. O objetivo é preservar os saldos remanescentes e reduzir o risco de novas perdas durante o processo de liquidação.
Lançado em julho de 2024, o deUSD pretendia competir com o USDe da Ethena Labs e chegou a alcançar US$ 150 milhões em valor de mercado antes do colapso. No entanto, a dependência da Stream Finance e a ausência de reservas centralizadas tornaram o projeto vulnerável a choques de liquidez.


