- Principais fundos usam o ETF da BlackRock para arbitragem, não para segurar BTC.
- O basis trade perdeu força em 2025 e gerou fortes saídas dos ETFs.
- Hayes afirma que o Bitcoin precisa cair para refletir a contração de liquidez nos EUA.
Arthur Hayes, cofundador da BitMEX, afirma que os maiores investidores do ETF de Bitcoin da BlackRock não estão “long BTC”.
Segundo ele, Wall Street usa o produto apenas para arbitragem, o que distorce a leitura dos fluxos e influencia os movimentos recentes do mercado.
O que realmente impulsiona os fluxos dos ETFs de Bitcoin
Hayes aponta que os maiores detentores do IBIT — hedge funds e mesas de bancos como Goldman Sachs — operam quase exclusivamente o chamado basis trade. Esse movimento combina compra de ações do ETF e venda de futuros na CME.
Além disso, eles usam as próprias cotas como colateral. O objetivo é simples: capturar a diferença entre os preços, sem exposição real ao Bitcoin.
Como explica Hayes:
“Eles não estão long Bitcoin. Só brincam no nosso campo por alguns pontos acima dos Fed Funds.”
Entretanto, o mercado interpreta esses movimentos como “entrada institucional”, o que cria um efeito ilusório. Quando o spread se amplia, os fundos entram com força. Quando o spread fecha, eles saem na mesma velocidade.
Por isso, os fluxos dos ETFs parecem ora otimistas, ora desesperados — mesmo sem relação com convicção de longo prazo.
O que mudou em 2025
O cenário de 2025 mudou rapidamente. As quedas de juros nos EUA reduziram retornos tradicionais. Porém, os spreads futuros diminuíram. Portanto, o basis trade perdeu atratividade.
Além disso:
- Vários trusts digitais passaram a negociar com desconto.
- O fluxo forçado de compra diminuiu.
- As saídas dos ETFs aumentaram por semanas seguidas.
Segundo Hayes, isso revela que o suporte artificial ao preço desapareceu.
Impactos no preço e no comportamento do mercado
Hayes afirma que o Bitcoin agora volta a refletir a pressão macro. Com a possibilidade de menor crescimento de liquidez sob o novo governo e emissões maiores do Tesouro, a demanda marginal perdeu força.
Por isso, diz Hayes:
“o Bitcoin precisa cair para refletir a preocupação de curto prazo com a contração do dólar.”
Ou seja:
- Os ETFs impulsionaram o preço mesmo quando a liquidez não justificava.
- Agora, sem o impulso dos arbitradores, o preço volta ao equilíbrio macro.
- Os fluxos dos ETFs mostram mais o humor do mercado de futuros, não convicção institucional.
Para o investidor comum, a lição é clara: interpretar inflows como “compra institucional” pode levar a conclusões erradas. Além disso, o comportamento dos fundos responde a spreads, não a tendências de longo prazo.
Consequências para o Bitcoin
A análise de Arthur Hayes desmonta a ideia de que Wall Street está acumulando Bitcoin via ETFs. Ele mostra que os maiores players buscam apenas arbitragem, sem intenção de segurar BTC.
Por isso, os fluxos recentes não refletem convicção institucional. Eles mostram apenas ajustes rápidos. Portanto, o mercado — sem esse impulso artificial — volta a enfrentar a realidade da liquidez global.
Assim, o investidor precisa entender que os ETFs agora revelam mais sobre o mercado futuro do que sobre demanda real por Bitcoin.

