O Bitcoin recuperou parte de suas perdas nesta terça-feira, subindo 5,7% para US$ 103 mil, após uma queda abrupta na segunda-feira que levou a criptomoeda a um mínimo de US$ 97,7 mil.
O movimento surpreendeu investidores, já que o ativo digital superou o desempenho do Nasdaq 100 e do S&P 500, mesmo em meio a um cenário de volatilidade em ações de tecnologia. Para o analista Manish Chhetri, da consultoria Global Markets Insights, a rápida recuperação sinaliza força técnica.
“O Bitcoin encontrou suporte crítico próximo aos US$ 98 mil, um nível que vinha atuando como base desde abril. A compra de dip por traders institucionais foi decisiva para essa reversão, mostrando que a confiança no ativo permanece intacta”, afirmou Chhetri.
A queda inicial do Bitcoin foi atribuída à crise nas ações de tecnologia, impulsionada por questionamentos sobre as alegações da empresa de inteligência artificial DeepSeek. A companhia anunciou um modelo de IA “mais barato e eficiente”, mas relatórios recentes levantaram dúvidas sobre a viabilidade de suas promessas.
Curiosamente, a própria DeepSeek gerou polêmica ao prever que o Bitcoin poderá atingir US$ 500 mil no longo prazo.
“Embora o cenário base da IA aponte para uma faixa entre US$ 100 mil e US$ 150 mil em 2025, é preciso cautela. Projeções tão ambiciosas dependem de adoção institucional contínua e de um ambiente regulatório favorável”, ponderou Chhetri.
Bitcoin e reserva estratégica
Enquanto isso, avanços legislativos no Arizona alimentam o otimismo. O comitê de finanças do Senado estadual aprovou o Arizona Strategic Bitcoin Reserve Act, projeto que autoriza o estado a investir em criptomoedas. Se aprovado pela Casa de Representantes, o Arizona se tornará o primeiro estado norte-americano a criar uma reserva pública de Bitcoin.
“Isso é um divisor de águas. Se outros estados seguirem o exemplo, como Texas e Pensilvânia já sinalizaram, caminharemos para uma reserva nacional estratégica”, destacou Chhetri.
A iniciativa ganhou força após o presidente Donald Trump assinar uma ordem executiva em novembro para investigar a criação de uma reserva federal de Bitcoin — medida que, segundo o analista, já contribuiu para a valorização de 50% da criptomoeda desde as eleições.
Os olhos do mercado agora se voltam para a reunião de dois dias do Federal Reserve (FOMC), que começa nesta terça-feira. A expectativa geral é de que as taxas de juros permaneçam estáveis entre 4,25% e 4,5%, mas declarações do chairman Jerome Powell sobre cortes futuros podem definir o rumo dos ativos de risco.
“Se o Fed sinalizar cautela excessiva diante da inflação subjacente, o Bitcoin pode recuar. Por outro lado, dados positivos do IPC core e um tom otimista podem impulsionar novos saltos”, explicou Chhetri.
Análise Técnica: Bitcoin mantém tendência de alta
Na análise gráfica, o BTC/USD recuperou-se após testar a média móvel de 50 dias (SMA 50) em US$ 98,3 mil, com um wick inferior alongado no gráfico diário indicando forte demanda de compra em níveis mais baixos. O RSI, acima de 50 e em ascensão, reforça a tese de momentum positivo.
“Os compradores precisam superar a resistência de US$ 105 mil para almejar novos recordes acima de US$ 109,5 mil e, eventualmente, US$ 125 mil. Por outro lado, uma queda abaixo de US$ 98,3 mil poderia desencadear correção para US$ 90 mil”, projetou Chhetri.
Enquanto o Bitcoin navega entre pressões macroeconômicas e avanços regulatórios, analistas como Chhetri reforçam que o ativo continua em uma trajetória de bull market.
“A combinação de adoção institucional, avanços legislativos e resiliência técnica mantém o Bitcoin no caminho para testar US$ 150 mil ainda em 2025”, concluiu.