O recente anúncio na conta oficial do bloco de países BRICS confirmou um marco histórico: o acordo de petrodólares entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos expirou, sem a renovação de um novo pacto. Este acordo, que completou 50 anos em junho, foi estabelecido em 1974 como uma estratégia para resgatar o dólar americano após o fim do sistema de Bretton Woods.
Em 1974, a Arábia Saudita e os EUA firmaram um acordo no qual o maior exportador de petróleo do mundo venderia seu petróleo exclusivamente em dólares americanos e compraria títulos do Tesouro dos EUA, em troca de segurança militar.
Este acordo ajudou a sustentar o dólar como a moeda de reserva mundial e financiar os déficits orçamentários dos EUA. Com o tempo, esse mecanismo foi adotado por outros membros da OPEP, solidificando ainda mais o papel do dólar no comércio global de petróleo.
A decisão de não renovar o pacto foi tomada pelo príncipe Mohammed bin Salman Al Saud, permitindo que a Arábia Saudita venda petróleo em múltiplas moedas, incluindo yuan chinês, euro e iene. Esta diversificação marca o fim da dominância do dólar no comércio de petróleo, um movimento que vinha se desenrolando há alguns anos. A Arábia Saudita já estava vendendo petróleo para a China em yuan e participando de testes de pagamentos transfronteiriços com moedas digitais (CBDCs).
Petrodólar
O fim do petrodólar tem implicações profundas além do setor de petróleo e finanças. Com o petróleo sendo vendido em outras moedas, a demanda global por dólares pode diminuir, enfraquecendo a posição da moeda americana. “A expiração do petrodólar tira força do dólar e, por extensão, dos mercados financeiros dos EUA”, observam analistas.
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Além disso, a menor demanda por dólares pode aumentar o custo das importações para os consumidores americanos e reduzir a afluência de capital estrangeiro para os títulos do Tesouro dos EUA, impactando as taxas de juros.
A decisão da Arábia Saudita se insere em uma tendência maior de desdolarização, liderada por China e Rússia. Países ao redor do mundo estão buscando reduzir sua dependência do dólar, o que tem levado a uma diminuição significativa da participação do dólar nas reservas globais. “A participação do dólar nas reservas globais tem registrado uma baixa importante”, destacou recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Com o fim do petrodólar, há especulações de que o petroyuan, um sistema criado pela China em 2018 para competir com o petrodólar, possa ganhar força. A China tem sido o maior comprador de petróleo da Arábia Saudita desde 2021 e tem incentivado o uso do yuan em seu comércio transfronteiriço, superando o dólar nos pagamentos internacionais da China.