- Criptomoedas buscam maturidade e transparência após crises recentes
- Especialista prevê fusão entre TradFi e DeFi
- Mercado tenta abandonar fama de apostas especulativas
Quando uma liquidação de US$ 19 bilhões atingiu o mercado de criptomoedas em outubro, até os investidores mais experientes ficaram em alerta. O colapso repentino provocou uma onda de pânico entre traders e instituições, lembrando a fragilidade do sistema em momentos de alta volatilidade.
O episódio também expôs os riscos de um ecossistema ainda movido por alavancagem excessiva e liquidez instável, especialmente nos contratos de futuros perpétuos, um dos instrumentos mais populares e arriscados do setor.
A busca por maturidade no mercado de criptomoedas
Youngsun Shin, chefe de produto da Flipster, comparou o mercado atual de derivativos a “um carro de alta performance sem freios suficientes”. Ele acredita que o futuro das negociações cripto depende da maturidade operacional das exchanges e do avanço no gerenciamento de risco.
Segundo o especialista, a combinação de liquidez em queda e alavancagem criou um ciclo perigoso de liquidações forçadas. No entanto, Shin destaca um ponto positivo, as exchanges descentralizadas resistiram melhor ao impacto, o que mostra uma evolução importante na estrutura de mercado.
Desde 2021, os futuros perpétuos se tornaram o coração das negociações, permitindo alavancagem de até 1000x em algumas plataformas. Essa facilidade atraiu tanto traders de varejo quanto investidores institucionais, mas também acelerou os riscos.
“A simplicidade das exchanges modernas abriu espaço para muitos investidores, mas o gerenciamento de risco não acompanhou o ritmo”, alertou Shin.
De cassino digital a instrumento financeiro
O grande desafio agora é mudar a percepção. Muitos novos investidores ainda tratam os perpétuos como apostas rápidas, e não como ferramentas sofisticadas de hedge. Porém, para o Shin, o avanço virá quando a alavancagem servir para empoderar estratégias e não amplificar o caos.
Ele observa que o mercado já começa a mostrar sinais de amadurecimento. O crescimento de ETFs de Bitcoin, ações ligadas ao setor cripto e derivativos estruturados mostra um movimento claro em direção a produtos mais alinhados com o modelo tradicional (TradFi).
“A pergunta deixou de ser ‘o que vai bombar?’ e passou a ser ‘o que sustenta valor?’”, afirmou o executivo.
Essa mudança de mentalidade é crucial para que o mercado supere o rótulo de “cassino digital”. Segundo Shin, o futuro das exchanges está em unir transparência, confiança e inovação responsável. Isso inclui prova de reservas, buffers de capital e sistemas de liquidação seguros, práticas que fortalecem a integridade do ecossistema.
Ao final, o especialista acredita que o setor caminha para uma fusão entre o rigor do TradFi e a liberdade do DeFi.
“As instituições estão impondo novos padrões. Essa integração é o que tornará os contratos perpétuos sustentáveis”, concluiu Shin.
Com mais controle, transparência e regulação, o mercado cripto pode, enfim, deixar para trás a fama de aposta e consolidar-se como uma das frentes mais sólidas da nova economia digital.

